MUDANÇA DE HÁBITO – Ameaça do coronavírus já interfere na vida da população alagoana
Por causa do coronavírus, ou COVID-19, muitos alagoanos já modificaram a rotina e passaram a adotar práticas básicas de higiene em casa ou mesmo incentivá-las no ambiente de trabalho. O vírus mutante que matou milhares de pessoas e se espalhou rapidamente pelo mundo, chegando, inclusive, em Alagoas, está desafiando as autoridades de saúde e o receio de ser infectado tem mudado os hábitos de muita gente.
A Itália, um dos destinos mais procurados por alagoanos em viagem ao exterior, mais de 800 pessoas morreram em consequência do vírus até a última sexta-feira (13). O número de infectados passava de dezenas de milhares, obrigando o governo a colocar o país inteiro em quarentena.
Já quem estava lá quis retornar, a exemplo do padre alagoano Augusto Jorge, que estava na Itália para fazer mestrado, desde 2017. Ele estava temeroso com o surto e pediu autorização à Arquidiocese de Maceió para voltar. Ele relatou que as ruas de Roma ficaram desertas, cena difícil de imaginar diante do potencial turístico da capital italiana.
Na Itália, as celebrações foram suspensas e até o próprio Papa comanda o ritual de maneira privada e transmitindo pela TV e redes sociais, após recomendação do governo italiano para se evitar as manifestações públicas enquanto a pandemia estiver ativa. A rotina nas igrejas, em vários estados, também mudou. Nos templos católicos, muitos padres dispensaram o momento da paz durante a missa, em que as pessoas se cumprimentam com abraços, beijos e aperto de mão.
Em Maceió, as igrejas estão deixando de fazer o momento da paz para evitar o contato, segundo o padre Rodrigo Rios, da paróquia do Inocoop. Além disso, a liderança está conscientizando os fiéis a manterem as práticas de higiene. Já os cultos nas maiores denominações evangélicas de Alagoas não sofreram alteração. Na Assembleia de Deus e na Batista, as reuniões estão acontecendo normalmente, mas os líderes estão reforçando as recomendações do Ministério da Saúde para evitar o contágio.
As principais redes de farmácias e drogarias estão renovando o estoque de máscaras faciais e álcool em gel. Estes produtos sumiram as prateleiras desde a explosão de casos no mundo e as primeiras notificações no Estado. Em alguns estabelecimentos estes itens estão em falta há duas semanas.
O presidente do Conselho de Farmácias de Alagoas, Robert Nicácio, disse que o problema surgiu mais ou menos 10 dias antes das especulações da chegada do coronavírus no Brasil e das suspeitas e confirmação dos primeiros casos em Alagoas. Ele recebeu informações de farmacêuticos que são responsáveis técnicos de farmácias, drogarias e distribuidoras de medicamentos e materiais médico-hospitalares, como também de farmacêuticos proprietários destes estabelecimentos, de que a procura por álcool em gel e máscaras tinha aumentado bastante.
“São produtos que não têm demanda alta no cotidiano, principalmente porque as máscaras são mais para uso ambulatorial e hospitalar e são vendidas mais em distribuidoras e casas de materiais médicos e odontológicos. Farmácias vendem muito pouco este item”, afirmou o presidente do conselho.
Sobre esta questão, o Procon Maceió informou que monitorou, na semana passada, várias redes de drogarias e farmácias na capital e não se confirmou a cobrança abusiva. O órgão pediu a colaboração da população para denunciar possíveis abusos nos preços praticados nestes estabelecimentos.