A proposta de compensação surge como uma estratégia da Comissão para mitigar a oposição interna e seguir em frente com o tratado, que poderia ser concluído até o final deste ano. Esse tipo de recurso não é inédito; em 2021, a UE já havia destinado € 5,4 bilhões para proteger setores afetados pela saída do Reino Unido do bloco, e, em 2019, promessas de € 1 bilhão foram feitas pelo então comissário de Agricultura para a agricultura europeia em resposta a desequilíbrios potenciais causados por acordos anteriores com o Mercosul.
Apesar dessa intenção, a recepção dos agricultores europeus ao plano de compensação foi bastante negativa. Muitos no setor agrário acusam a Comissão Europeia de tentar “comprar seu silêncio”, uma crítica expressa pelo presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Exploração Agrícola da França, Arnaud Rosseau. Ele caracterizou a abordagem como absurda e inaceitável, especialmente com o temor crescente de que as importações de carne bovina da América do Sul possam desestabilizar o mercado europeu.
O presidente francês Emmanuel Macron tem sido um dos críticos mais fervorosos do acordo, defendendo que a proposta atual é inaceitável sem garantias adequadas em relação às questões climáticas e à proteção dos agricultores da UE. Ele ressalta que os países do Mercosul não têm respeitado os compromissos estabelecidos acordos internacionais sobre o clima, e, enquanto um negociador reconheceu que as compensações podem ser uma ideia viável, a resistência permanece firme nos círculos políticos franceses. Caso 45% dos membros da UE, que representem 35% da população do bloco, se oponham ao acordo, ele poderá ser bloqueado.
Entretanto, apesar das divisões internas e das crescentes críticas, as negociações entre a União Europeia e o Mercosul continuam a avançar, indicando que a pressão por um acordo pode manter o ímpeto nas discussões recentes.