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Tragédia de Galdino dos Santos: Adolescentes do socioeducativo farão curta-metragem sobre caso emblemático de Brasília.

Há 27 anos, uma tragédia chocou a capital federal e marcou a história do Brasil. Na madrugada do dia seguinte ao Dia dos Povos Indígenas, Galdino Jesus dos Santos, líder indígena e então cacique do povo Pataxó-Hã-Hã-Hãe, foi queimado vivo por cinco jovens de classe média alta do Distrito Federal enquanto dormia. O crime sem propósito afastou todo o clima de celebração em Brasília, tornando-se um caso emblemático não só nacionalmente, mas também internacionalmente.

O choque causado pela crueldade do ato é intensificado pela impunidade dos autores: todos os cinco envolvidos no assassinato de Galdino hoje ocupam cargos públicos, recebendo salários em torno de R$ 15 mil. Para manter viva a memória de Galdino e garantir que a tragédia não seja esquecida, lideranças indígenas, agentes públicos e movimentos sociais estão empenhados em manter esse caso relevante na consciência coletiva.

Nesse contexto, o Centro de Atendimento Socioeducativo de Luziânia lançou um projeto para produzir um curta-metragem que imortalize a memória de Galdino por meio da sétima arte. Com o apoio da Lei Paulo Gustavo, os adolescentes do Case terão a oportunidade de contar essa história de ficção, não com o intuito de documentar os fatos de 1997, mas de sensibilizar o público para as lutas e tragédias enfrentadas pelos indígenas.

O filme, sob orientação do agente socioeducativo e cineasta Junior Cette, visa mostrar que a arte pode impactar e conscientizar as pessoas, mudando suas mentalidades em relação às questões indígenas. Paralelamente à produção cinematográfica, os jovens terão uma experiência imersiva na Casa de Cerimônias Indígenas Bahsakewii Yepá-Mahsã, coordenada pelo cacique Álvaro Tukano, que emprestará sua vivência e liderança ao projeto.

A importância desse trabalho transcende a produção artística, envolvendo reflexões sobre desigualdades sociais e econômicas presentes no cenário dos jovens do socioeducativo. A psicóloga Marleide Borges destaca a oportunidade de diálogo entre grupos marginalizados, gerando reflexões sobre infâncias perdidas e memórias esquecidas.

O assassinato de Galdino continua a ecoar quase 30 anos após o crime, com os autores sendo servidores públicos. Essa realidade contrasta com a luta contínua dos familiares de Galdino por justiça e reconhecimento. Iglesio de Jesus Silva, sobrinho de Galdino, ressalta a importância de manter viva a memória do cacique e de não esquecer as demandas e exigências do passado que continuam presentes no presente.

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