Cirurgia de retirada total das trompas pode prevenir câncer de ovário: entenda a alternativa menos radical e mais eficaz.
Em 2023, a Agência Internacional para Pesquisa Sobre Câncer estimou cerca de 313 mil novos casos de câncer de ovário em todo o mundo. E a projeção é que esse número aumente, chegando a 371 mil novos casos por ano até 2035. A mortalidade associada a essa doença é significativa, com cerca de 207 mil mortes anualmente.
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer estima que anualmente devem surgir 7.310 novos casos desse tipo de câncer, o que corresponde a 6,62 novos casos a cada 100 mil mulheres no país. A dificuldade de diagnóstico precoce, devido à ausência de sintomas nas fases iniciais, é uma das razões para a alta mortalidade causada por esse tipo de câncer.
O ginecologista e oncologista Renato Moretti, do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca que o câncer de ovário é mais comum em mulheres acima de 60 anos. Fatores como terapia de reposição hormonal, endometriose, obesidade, histórico familiar de câncer e mutações genéticas, como nos genes BRCA1 e BRCA2, aumentam o risco de desenvolver a doença.
Para prevenir o câncer de ovário, uma alternativa promissora é a salpingectomia, que consiste na retirada total das trompas de falópio. Estudos apontam que esse procedimento pode reduzir significativamente o risco de desenvolver o tipo mais comum de câncer de ovário, o seroso de alto grau, que tem origem nas trompas.
Diante das evidências científicas, a prática da salpingectomia tem se tornado mais comum, sendo recomendada por diversas sociedades médicas e ginecologistas. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, por exemplo, sugere essa cirurgia como uma estratégia eficaz na prevenção do câncer de ovário.
Embora no Brasil ainda não exista uma diretriz oficial indicando a salpingectomia profilática, os estudos internacionais que comprovam sua eficácia têm levado cada vez mais médicos a recomendarem o procedimento, principalmente para mulheres consideradas de alto risco. A prática tem demonstrado resultados positivos na redução do risco de câncer de ovário e pode representar um avanço significativo na prevenção e tratamento dessa doença.