BRICS Pode Implementar Mecanismos de Pagamento Próprios e Reduzir Dependência do Dólar, Afirmam Especialistas em Economia Internacional

Diante das crescentes discussões sobre a autonomia financeira dos países que compõem o BRICS, a ideia de estabelecer mecanismos de pagamento independentes do dólar americano e do sistema SWIFT ganhou destaque. Embora a perspectiva de uma moeda única entre os membros do grupo – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos integrantes como Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita – pareça distante, especialistas acreditam que o BRICS pode avançar significativamente nessa direção.

Kazuhiro Kumo, um renomado especialista japonês em assuntos russos e diretor de pesquisa do Centro de Estudos Russos, destacou que a heterogeneidade econômica entre os países do BRICS representa um fator complicador na criação de uma moeda comum. Ele exemplificou que a diferença no PIB per capita entre a China e a Rússia, em comparação à Etiópia, é de mais de dez vezes. Para ele, essa disparidade é muito maior do que a observada entre nações da União Europeia, onde a diferença entre Alemanha e Croácia é significativamente menor, cerca de 2,5 vezes.

Kumo também apontou que, apesar dos desafios, há uma viabilidade na implementação de sistemas de pagamentos que operem fora das estruturas dominadas pelo dólar, oferecendo uma alternativa que pode fortalecer economicamente os países membros. Isso porque, enquanto nações como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, que mantém um comércio robusto com as economias do G7, podem não ver necessidade imediata em tais mudanças, esses mecanismos serviriam como um seguro para lidar com imprevistos e oscilações econômicas globais.

O BRICS foi estabelecido em 2006 e sob a presidência da Rússia, que começou em janeiro de 2024, o grupo se preparou para a 16ª Cúpula que ocorrerá em Kazan. Este evento é considerado fundamental para o fortalecimento das relações comerciais e pode acelerar discussões sobre a criação de um sistema financeiro mais independente, solidificando a posição do BRICS no cenário internacional como um bloco econômico cada vez mais relevante.

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