Tragédia de Galdino dos Santos: Adolescentes do socioeducativo farão curta-metragem sobre caso emblemático de Brasília.
O choque causado pela crueldade do ato é intensificado pela impunidade dos autores: todos os cinco envolvidos no assassinato de Galdino hoje ocupam cargos públicos, recebendo salários em torno de R$ 15 mil. Para manter viva a memória de Galdino e garantir que a tragédia não seja esquecida, lideranças indígenas, agentes públicos e movimentos sociais estão empenhados em manter esse caso relevante na consciência coletiva.
Nesse contexto, o Centro de Atendimento Socioeducativo de Luziânia lançou um projeto para produzir um curta-metragem que imortalize a memória de Galdino por meio da sétima arte. Com o apoio da Lei Paulo Gustavo, os adolescentes do Case terão a oportunidade de contar essa história de ficção, não com o intuito de documentar os fatos de 1997, mas de sensibilizar o público para as lutas e tragédias enfrentadas pelos indígenas.
O filme, sob orientação do agente socioeducativo e cineasta Junior Cette, visa mostrar que a arte pode impactar e conscientizar as pessoas, mudando suas mentalidades em relação às questões indígenas. Paralelamente à produção cinematográfica, os jovens terão uma experiência imersiva na Casa de Cerimônias Indígenas Bahsakewii Yepá-Mahsã, coordenada pelo cacique Álvaro Tukano, que emprestará sua vivência e liderança ao projeto.
A importância desse trabalho transcende a produção artística, envolvendo reflexões sobre desigualdades sociais e econômicas presentes no cenário dos jovens do socioeducativo. A psicóloga Marleide Borges destaca a oportunidade de diálogo entre grupos marginalizados, gerando reflexões sobre infâncias perdidas e memórias esquecidas.
O assassinato de Galdino continua a ecoar quase 30 anos após o crime, com os autores sendo servidores públicos. Essa realidade contrasta com a luta contínua dos familiares de Galdino por justiça e reconhecimento. Iglesio de Jesus Silva, sobrinho de Galdino, ressalta a importância de manter viva a memória do cacique e de não esquecer as demandas e exigências do passado que continuam presentes no presente.